segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ficou mocinha

Lembrei que havia comentado sobre essa frase: "ficou mocinha" e agora irei falar um pouco sobre isso.

Nesse sábado fomos a casa da minha tia Sílvia. Não fui lá muito feliz, tinha combinado de ir ao cinema com minhas amigas. Mas meus pais não me deixaram escolha, não abriram a carteira.

Minha tia tem dois filhos, Tati e Pedro. A Tati até que é legal, mas Pedro… Ele puxa meu cabelo, atira coisas em mim e grita o tempo todo -- acho que ele quer quebrar os vidros com gritos – sem contar os beliscões. Certa vez ele me beliscou tão forte que fiquei com um roxo por duas semanas e a pamonha da minha tia apenas disse que ele tem personalidade. Se eu fizesse algo assim na idade, acabaria de castigo com as mão atadas. No meu mundo isso não é personalidade é falta de limites.

Porém, não é sobre a peste e a falta de atitude de minha tia quanto ao comportamento do filho o assunto sore o qual quero desabafar. E sim, sobre a infame frase: Ela ficou mocinha.

Logo após o almoço, surge aquele momento “embaraçando os filhos”. Tati está com 12 anos e a maldição de Eva se manifestou. Como se não fosse ruim o bastante estar sangrando, com um monte de algodão entre as pernas, a cólica e aquela sensação de que merda é essa agora, minha tia, como também foi com meus pais, falou em alto e bom som:

-- Tati ficou mocinha!

E então surgiram os ahs. Ótimo, agora todos, exceto eu, estavam olhando para ela com aquele olhar estranho que só pode querer dizer: já pode procriar. Que instinto cruel esse! Óbvio que meu pais resolveram falar sobre meu ciclo. Baita sacagem.

Olhei para minha prima, que estava fugindo para dentro de casa. Eu sabia exatamente como ela se sentia: estranha. Fui atrás e ofereci chiclete de tuti frutti.  Estávamos no mesmo barco.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Perguntas cármicas

Não sei se já disse, mas tem perguntas que parecem me perseguir. Tu já sentiu como se a pergunta "tu tem namorado" -- e todas suas variantes -- fosse uma armadilha? Pois é, e vai ficando cada vez pior, como confirmou minha nova professora de português.
Depois de desidratação devido ao surto chocostrófico, minha família resolveu se reunir para um almoço -- e eu quis dizer TODA a família, incluindo aqueles que nem se sabe se há alguma ligação sanguínea que se apresente.
Vou dar exemplos do porque de não gostar dessa pergunta. São situações que só tiveram diferentes pessoas perguntando, mas sempre eu sofrendo.
No ano passado, um colega me encontrou no ônibus. Eu sou risonha e tento ser educada com todos, não foi diferente com ele. Ele é muito bom em contar piadas e claro que eu ri, eram engraçadas e então veio a pergunta:
-- Tá namorando?
Ainda sob o efeito da piada, nem pensei em segundas intenções (pq segundas? não seria segunda e depois terceira, e quarta...), respondi direto com sorriso na cara:
-- Não.
-- Então o que tal sair comigo?
Sorriso já havia se escondido e eu ainda por cima estava no canto:
-- Não, não...
-- Ah, qual é? Não me acha legal.
-- Sim, mas eu não...
E ainda era mal educado me interrompia toda hora.
-- Então, vamos sair. Não sou legal, bonito?
Como diria minha professora, pergunta capciosa. Uma lâmpada se acendeu na minha mente, na verdade foi no painel nas laterais do ônibus: PARADA SOLICITADA.
-- Bá, acabei de lembrar, tenho que descer.
Sai correndo, num bairro que não conhecia e longe do meu.
Depois da primeira, já escaldada, encontrei um ex-colega. Éramos muito próximos quando estudávamos juntos e fazia quase um ano que não a gente não se via.
Conversamos um pouco sobre tudo o que tinha acontecido naquele um ano, e foi aí que surgiu a pergunta:
-- E aí, tem namorado?
-- Pois é, como é né.
-- Ahm?
-- Tem alguém.
-- Quem?
-- Tu não conhece.
-- É da escola?
-- hanahn...
Já nem sabia o que responder.
-- O quê?
-- Não.
-- Não tá namorando?
-- Não... quer dizer meio que sim.
Depois de tanto gaguejar e ficar vermelha, ele fez a pergunta de "misericórdia":
-- Tá achando que eu quero ficar contigo? Tu é muito especial, mas a gente é apenas amigo.
E finalmente, aqueles, mais comumente chamadas de tias, apesar de serem tias da tua mãe, que esperam por uma aventura sexual com o professor de literatura, chamado Juan.
-- E a lindinha, tem namoradinho?
E os olhos brilhando e o canto da boca salivando na expectativa. O que elas pensam, que não há mais adolescentes virgens. Parece haver mais algumas além de mim, sim.
-- Não -- bem baixinho.
-- Oh, tadinha -- e lá vem as beliscadinhas na bochecha -- Não se preocupa, não via ficar pra titia.
-- Manhê!!!!