Não sei se já disse, mas tem perguntas que parecem me perseguir. Tu já sentiu como se a pergunta "tu tem namorado" -- e todas suas variantes -- fosse uma armadilha? Pois é, e vai ficando cada vez pior, como confirmou minha nova professora de português.
Depois de desidratação devido ao surto chocostrófico, minha família resolveu se reunir para um almoço -- e eu quis dizer TODA a família, incluindo aqueles que nem se sabe se há alguma ligação sanguínea que se apresente.
Vou dar exemplos do porque de não gostar dessa pergunta. São situações que só tiveram diferentes pessoas perguntando, mas sempre eu sofrendo.
No ano passado, um colega me encontrou no ônibus. Eu sou risonha e tento ser educada com todos, não foi diferente com ele. Ele é muito bom em contar piadas e claro que eu ri, eram engraçadas e então veio a pergunta:
-- Tá namorando?
Ainda sob o efeito da piada, nem pensei em segundas intenções (pq segundas? não seria segunda e depois terceira, e quarta...), respondi direto com sorriso na cara:
-- Não.
-- Então o que tal sair comigo?
Sorriso já havia se escondido e eu ainda por cima estava no canto:
-- Não, não...
-- Ah, qual é? Não me acha legal.
-- Sim, mas eu não...
E ainda era mal educado me interrompia toda hora.
-- Então, vamos sair. Não sou legal, bonito?
Como diria minha professora, pergunta capciosa. Uma lâmpada se acendeu na minha mente, na verdade foi no painel nas laterais do ônibus: PARADA SOLICITADA.
-- Bá, acabei de lembrar, tenho que descer.
Sai correndo, num bairro que não conhecia e longe do meu.
Depois da primeira, já escaldada, encontrei um ex-colega. Éramos muito próximos quando estudávamos juntos e fazia quase um ano que não a gente não se via.
Conversamos um pouco sobre tudo o que tinha acontecido naquele um ano, e foi aí que surgiu a pergunta:
-- E aí, tem namorado?
-- Pois é, como é né.
-- Ahm?
-- Tem alguém.
-- Quem?
-- Tu não conhece.
-- É da escola?
-- hanahn...
Já nem sabia o que responder.
-- O quê?
-- Não.
-- Não tá namorando?
-- Não... quer dizer meio que sim.
Depois de tanto gaguejar e ficar vermelha, ele fez a pergunta de "misericórdia":
-- Tá achando que eu quero ficar contigo? Tu é muito especial, mas a gente é apenas amigo.
E finalmente, aqueles, mais comumente chamadas de tias, apesar de serem tias da tua mãe, que esperam por uma aventura sexual com o professor de literatura, chamado Juan.
-- E a lindinha, tem namoradinho?
E os olhos brilhando e o canto da boca salivando na expectativa. O que elas pensam, que não há mais adolescentes virgens. Parece haver mais algumas além de mim, sim.
-- Não -- bem baixinho.
-- Oh, tadinha -- e lá vem as beliscadinhas na bochecha -- Não se preocupa, não via ficar pra titia.
-- Manhê!!!!
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